quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Salar de Uyuni

A passagem do Rali Dakar pelo Salar de Uyuni, na Bolívia, foi uma verdadeira prova de fogo para os pilotos de motos e quadriciclos. A organização da prova chegou a adiar a largada por conta da chuva, mas, apesar dos protestos dos competidores, manteve o trajeto original da especial entre Uyuni e Iquique.

Além da chuva que modificou consideravelmente as condições do Salar, o frio na Bolívia também era intenso, o que resultou em muitos pilotos sofrendo de hipotermia.

Salar de Uyuni recebeu a oitava especial do Dakar (Foto: Honda)
Após a especial, não foram poucos os pilotos que criticaram a decisão de manter a disputa. Nono colocado na especial, Marc Coma falou em “condições muito extremas” e avaliou que foi ultrapassado “um limite que não deveria ter ido superado”.

“As condições eram muito extremas e a sensação que tinham todos os pilotos que vieram ver Joan [Barreda] e a mim era de que o melhor era não largar, porque fazia muito frio e o Salar tinha lugares com mais de meio metro de água”, contou o piloto da KTM. “É muito fácil falar de fora, pois a organização pode ter seus motivos e mais informações que nós, mas continuo pensando que hoje passamos um limite que não deveríamos ter ultrapassado”, opinou.

“A combinação de água e sal com o motor formava uma pasta que bloqueava o radiador, com o qual tivemos problemas de temperatura que conseguimos solucionar graças à ajuda de Jordi [Viladoms] e Rubén [Faria]”, explicou. “Lamento muito o abandono de ‘Vili’ e quero agradecê-lo pela ajuda de hoje e também pela de ontem à noite”, seguiu.

“Ele se ofereceu para preparar a moto ao me ver chegar”, revelou. “Ele me disse: ‘Descansa que você está lutando por um Dakar. Eu faço a moto’. Isso demonstra o tipo de pessoa que ele é, além de ser um grande piloto”, elogiou.

Barreda viu suas chances de título acabarem no Salar (Foto: Honda)
Quinta colocada na especial, Laia Sanz também ressaltou a contrariedade dos pilotos e contou que chegou a ter dificuldades para frear a moto por conta do frio que sentia nas mãos.

“Nós não queríamos largar, porque fazia muito frio e não tínhamos roupa de frio. A roupa que tínhamos estava molhada do dia anterior, continuava chovendo, não tinha visibilidade e o Salar de Uyuni estava inundado”, relatou. “Alguns pilotos tinham sintomas de hipotermia, mas a organização decidiu dar a largada e nós largamos. No final do trecho do Salar, não se podia nem frear. Não sentia os dedos das mãos e tive de parar um momento para tentar me aquecer”, continuou.

“Creio que foi um dos dias em que mais passei frio na minha vida”, considerou. “Foi um dia muito duro e sofremos muito”, completou.

Companheiro da espanhola no time oficial da HRC, Joan Barreda também teve dificuldades no Salar, o que acabou colocando por terra suas chances de título. O espanhol precisou ser rebocado por Jeremías Israel na maior parte do trajeto e ficou fora do top-50 da especial.

Laia Sanz foi um dos destaques do oitavo estágio do Dakar (Foto: Honda)
No dia anterior, durante o trecho cronometrado entre Iquique e Uyuni, o espanhol já tinha enfrentado problemas após uma queda e teve de pilotar por 130 km usando apenas uma mão, já que o guidão da CRF 450 Rally quebrou no acidente.

“No fim, acho que é um dano colateral de uma decisão que tomaram nesta manhã: largar para correr em um mar”, avaliou Barreda. “Não vejo nada correto nessa decisão. Hoje não se via nada, não havia visibilidade, flutuávamos por cima da água...”, justificou.

“Nos mandaram largar e foi isso que aconteceu. O Dakar acabou para mim”, lamentou Joan.

Companheiro de Coma no time oficial da KTM, Viladoms manifestou sua insatisfação com a realização da etapa entre Uyuni e Iquique pelo Facebook.

“Esta etapa nunca deveria ter começado. Tinha chovido durante a noite e tinha água no Salar. Nos colocamos na saída da especial esperando que a direção da corrida suspendesse a etapa. Era extremamente perigosa e, além disso, sabíamos que com a água no Salar, a parte eletrônica das motos corrói e começa a falhar. Esse foi o meu caso e o de muitos outros pilotos, que também se viram obrigados a abandonar”, escreveu. “O resultado foi o que se esperava. Não levaram em conta nem a segurança dos pilotos e nem a competitividade. Para mim, acaba o Dakar 2015”, encerrou.

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